Carnaval é época de beijar na boca sem ter com o que se preocupar. Com o passar dos anos, esse antigo comportamento, que apesar de ainda vigente, acabou perdendo espaço para a conscientização e força das mulheres que atualmente ganharam autonomia para dizer não às investidas masculinas durante a folia.
Apesar disso, 7 em cada 10 mulheres brasileiras ainda têm medo de sofrer assédio durante o Carnaval. É o que revela uma pesquisa feita com 1.500 pessoas pelo Instituto Locomotiva em parceria com a QuestionPro Brasil, que trouxe luz para essa realidade preocupante em todo o país durante a maior festa popular do planeta.
De acordo com as pesquisa, entre as entrevistadas, 5 em cada 10 já passaram por alguma situação constrangedora ou sofreram algum tipo de assédio nos dias de folia. A pesquisa também mostrou que 8 em cada 10 pessoas ouvidas consideraram que o combate ao assédio no Carnaval é uma responsabilidade coletiva.
Para os organizadores da pesquisa, os números refletem a necessidade de mudanças no comportamento e uma maior conscientização. “Isso ressalta a urgência de iniciativas preventivas e um compromisso conjunto para transformar essa realidade. Acreditamos que, por meio da pesquisa, não estamos apenas coletando números; estamos desvendando perspectivas, compreendendo nuances e identificando áreas de melhoria. Juntos, podemos criar um ambiente de Carnaval mais seguro e respeitoso para todos”, eles dizem.
O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, disse que existe por parte dos homens uma naturalização do machismo e isso é observado no Carnaval. “Qualquer tipo de abordagem sem o consentimento da mulher é assédio. E o assédio, além de ser moralmente errado, dependendo do tipo é crime”.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é um dos países mais machistas do mundo em que 56,5% dos homens têm medo de expor seus sentimentos, dúvidas e anseios até mesmo para amigos próximos e 80% ainda possuem dificuldades para interpretar e expressar suas emoções.
Para o Ministério da Saúde, a cultura do machismo no Brasil junto com a desigualdade resulta em consequências para os próprios homens. A taxa de suicidio entre homens é quatro vezes maior que em mulheres, além do que os homens estão mais propensos ao abuso de álcool e drogas, sendo também 95% da população carcerária no país.
Com Jornal do Litoral