Ex-comandante da Delegacia Seccional de São José dos Campos, Alberto Pereira Matheus Júnior, delegado da Polícia Civil de São Paulo, é alvo de mandados de busca e apreensão nesta terça-feira (4) relacionados à morte do delator do PCC (Primeiro Comando da Capital) e de policiais civis corruptos, Antônio Vinícius Lopes Gritzbach. A informação é do jornalista Josmar Jozino, colunista do UOL.
Segundo o repórter, investigadores chegaram até o nome do delegado após análise do celular de Eduardo Lopes Monteiro, policial preso em 2024 e um dos delatados por Vinícius Gritzbach. A operação desta terça-feira (4) é feita em parceria do Ministério Público de São Paulo com a Corregedoria da Polícia Civil.
Alberto Pereira é um dos dois delegados da Polícia Civil que estavam na mira da Polícia Federal. Jozino revelou que os policiais federais encontraram comprovantes de transferências via Pix para o delegado. A primeira transação, no valor de R$ 2.500, foi identificada em 28 de agosto de 2023. A segunda, de R$ 3.000, ocorreu em dezembro de 2023, em nome de um parente do delegado.
Além de São José, Alberto Pereira já foi divisionário do Departamento de Narcóticos e do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais). Ele também teve passagem pela Divisão de Homicídios Regional de Osasco.
Nas mensagens, o delegado pediria constantemente por dinheiro ao policial, seu subordinado hierárquico. Os pagamentos seriam feitos a parentes do delegado. O valor dos pagamentos não foi informado pela polícia.
Investigação.
Além de Eduardo Lopes Monteiro, estão presos quatro policiais civis, um advogado e dois empresários delatados por Gritzbach.
Segundo investigações da PF, as análises dos telefones celulares apreendidos com os presos indicam que eles cometeram diversos crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e outros equiparados a hediondos.
Vinícius Gritzbach se dizia ameaçado de morte pelo PCC e pivô de uma guerra interna na facção criminosa. O empresário foi atingido por quatro disparos ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos, em 8 de novembro de 2024. O veículo usado no crime foi abandonado nas imediações do aeroporto. Dentro dele, havia munição de fuzil e um colete à prova de balas. Além de Gritzbach, outra pessoa morreu e duas ficaram feridas.
Gritzbach era acusado de ser o mandante da morte de um narcotraficante ligado ao PCC e também por delatar ao Ministério Público policiais civis envolvidos em casos de corrupção. Em abril, ele entregou ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) um áudio de uma conversa entre dois interlocutores negociando a morte dele por R$ 3 milhões.
O empresário era réu pelos assassinatos de dois homens: Anselmo Becheli Santa Fausta, 38 na os, o Cara Preta, criminoso influente no PCC — além do motorista de Cara Preta, Antônio Corona Neto, 33 anos, o Sem Sangue.
A dupla foi morta a tiros em dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Noé Alves Schaum, 42 anos, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado em janeiro de 2022, no mesmo bairro.
Com O Vale/Uol