Cidades do Vale Histórico formam ‘quadrilátero da morte’ em SP

Execução de um homem em plena rua na cidade de Lorena

Quatro cidades do Vale Histórico e do Vale da Fé formam um ‘quadrilátero da morte’ em São Paulo, com as maiores taxas de vítimas de homicídio por 100 mil habitantes do estado e liderança no ranking da violência no Vale do Paraíba.

Na madrugada desta sexta-feira (7), uma tentativa de chacina em Lorena chamou a atenção pelo grau da violência. Homens armados em um carro atiraram contra uma família, matando uma mulher de 36 anos e ferindo outras três pessoas.

O alvo era um rapaz de 29 anos, jurado de morte pelos criminosos e que escapou à sétima tentativa de homicídio. Ele ficou ferido e foi socorrido.

Lorena, Cruzeiro, Guaratinguetá e Aparecida compõem o ‘quadrilátero da morte’ no estado e na região. A proximidade geográfica – as cidades estão num trecho de 50 km – é repetida na onda de violência que se propaga pelas cidades e eleva os índices criminais a patamares preocupantes.

O ranking da violência no estado é dominado por cidades do Vale – 8 das 11 primeiras –, especialmente os municípios do Vale Histórico, que estão no topo da tabela. Cruzeiro tem 30,68 vítimas de homicídio por 100 mil habitantes, a maior taxa do estado. A cidade é seguida por Guaratinguetá (25,41) e Lorena (23,57).

Aparecida não está na lista, que compara os municípios com mais de 100 mil habitantes em São Paulo. Mas se estivesse, a cidade do Santuário Nacional iria diretamente para o topo, com taxa de 46 vítimas por 100 mil.

O índice leva em conta os homicídios registrados em 2024, ranking também dominado pelas cidades do Vale Histórico. Guaratinguetá, Cruzeiro, Lorena e Aparecida estão no ‘top 10’ da região, respectivamente com 30, 23, 20 e 15 vítimas de homicídio no ano passado.

Comparação.

As quatro cidades estão no mesmo patamar de cidades muito maiores, como São José dos Campos, Taubaté e Jacareí, que encerraram o ano passado com 23, 22 e 14 vítimas assassinadas, respectivamente. As três cidades têm metade da população da região, enquanto as quatro do Vale Histórico representam 12% dos habitantes.

A onda de violência fez com que os quatro municípios do Vale Histórico aumentassem a participação no total de crimes da região, ao passo que as três maiores cidades reduziram esse percentual.

No ano passado, Lorena, Cruzeiro, Guaratinguetá e Aparecida somaram 88 vítimas de homicídio, 30% do total da região. Em 2023, elas tiveram 84 crimes e 26% da totalidade, um aumento de 4,76% no total de mortes e de 12% na participação na criminalidade do Vale.

São José, Taubaté e Jacareí acumularam 59 mortes em assassinatos durante 2024, número menor do que no Vale Histórico. E a violência ainda caiu nos grandes municípios se comparada a 2023: -39,8% no total de crimes (59 a 98) e -35,5% no percentual do total da região (20% contra 31%).

Reforço policial e tecnologia.

Para conter a violência na região, especialmente no Vale Histórico, o governo estadual aposta no incremento da tecnologia e no reforço do efetivo policial.

Suspenso desde outubro de 2023, o edital para a aquisição de câmeras de monitoramento para as cidades do Vale será relançado neste mês de fevereiro.

O edital será publicado pela Agemvale (Agência Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte). O órgão informou que a agência está nas “tratativas finais de toda a documentação para a publicação do edital”.

O número de câmeras contempladas no edital saltou de 108 para 350, abrangendo agora todas as cidades da RMVale. No primeiro edital, apenas 17 municípios do Vale Histórico receberiam os equipamentos.

As câmeras farão parte do programa ‘Muralha Paulista’, sistema de integração do monitoramento e principal ferramenta das forças de segurança para reduzir a violência.

Além disso, a região vai receber 90 investigadores, 50 escrivães e 20 delegados ainda neste ano, como parte do efetivo que vem sendo preparado na Academia da Polícia Civil para reforçar as delegacias e unidades policiais do Deinter-1 (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior), responsável pela Polícia Civil na RMVale.

Com O Vale

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